Mês de
Maio, mês de emancipação, do sacrifício, da dor e muito sofrimento. Dedico estas linhas a todos os companheiros
que sofreram fisicamente e psicologicamente as agruras da “Verdadeira Guerra”.
Curiosamente
ou não, começaram as grandes movimentações militares e depois de todas as
unidades receberem o treino operacional e adaptação em cada uma das suas zonas
de acção que decorreu entre 30 de
Abril e 13 MAIO de 1973, começaram as saídas já por “conta própria” e
sempre com a ajuda e experiência das companhias de “VELHINHOS” que nos foram passando as zonas que controlávamos e
sobre as quais iria no futuro fazer parte do nosso trabalho diário. Quis o destino
que a nossa “EMANCIPAÇÃO” começasse
a 13 de MAIO e que poucos dias
passados entrássemos na maior “OPERAÇÃO”
que decorreu no período da nossa “COMISSÃO”.Entretanto
foram decorrendo outras coisas.
Tinha chegado
(neste mês) ao nosso convívio o novo Comandante Capitão Joaquim Guerreiro Dias da 3ª Companhia, pois tínhamos ficado “órfãos” desde a chegada a Bissau do
Comandante anterior, completaram também os efectivos da C.C.S. o 1º Sargento Alberto Viegas ainda na 1ª
Companhia o Furriel João Carola entre outros que iam completando
os efectivos das Companhias.
Depois dos “ACERTOS” dos respectivos planteis,
muitas coisas iriam acontecer e que destaco algumas que com certeza vos trará
às vossas desgastadas memórias momentos de “MEDO”
“REVOLTA” e até de algum “ODIO”pelos
momentos vividos:
Dia 3
- A Companhia de Cavalaria 8351 foi FLAGELADA no seu aquartelamento no
CUMBIJÃ com granadas de RPG e granadas de Morteiro 82 que vinham da direcção do Rio BUNDO GABA.
No dia 4 Forças da 2ª Companhia detectaram em
PONTE DO CORUBAL E SINCHÃ BOEBE vestígios da passagem de um Grupo inimigo
estimado em 35 elementos.
O cerco começava a apertar e:
Dia 9 de Maio Aldeia Formosa é atacada com
6 Foguetões durante 20 minutos com possível base de fogo do inimigo em VENDU CONDIJO ou BUNGOFÉ, causando 5 feridos ligeiros na população.
No dia 14, tocou á 1ª Companhia na operação “OMOPLATA” ter um contacto com o IN. Na
localidade de PONTA NOVA a quem causou 1 morto e alguns prováveis feridos.
As coisas
começavam a “AQUECER” iria chegar o DIA 17 DE MAIO quando se iniciou a
operação “BALANÇO FINAL” que se
destinava à ocupação de NHACOBA.
Participaram
nesta operação as companhias 8351 (CUMBIJÃ) a 3ª Companhia a C.CAÇ. 18 e a
companhia dos “VELHINHOS” de Aldeia Formosa.
De salientar
que todas as forças militares da zona estiveram envolvidas nesta operação, umas
directamente outras indirectamente através do Apoio que foi necessário prestar.
Do conteúdo e das consequências todos
estaremos recordados, escuso-me naturalmente a escrever sobre as emoções vividas
e sentidas e transcrever o que se passou por me sentir incapaz de escrever sem
falhas o que aconteceu.
Por ser
verdade e isso ninguém pode levar a mal, aproveito a oportunidade de transmitir
o quanto eu sofri por vocês Companheiros e Amigos e o prazer enorme que
tenho em continuar a DESFRUTAR a
vossa amizade que embora disfarçada eu sei que é recíproca.
Ao Silva, ao Filipe ao Alves em
particular e a um companheiro que não me recordo o nome e que espero também
possa continuar a desfrutar da vida, permitam-me dizer-vos que sempre tive
muita consideração por vocês, mas agora chegada a hora do amadurecimento e da
revisão dos acontecimentos continuo a querer partilhar com todos a minha SINCERA AMIZADE.
Foi também em MAIO de 1973 que foi
assassinado o nosso colega da 3ª Companhia: João Jesus Bernardino Correia.
Aos
companheiros da C.C.S. da 1ª e 2ª Companhias, as minhas sinceras desculpas por
falhas na transcrição dos vossos acontecimentos, mas os da 3ª Companhia estão
em alto-relevo na minha memória o que torna mais fácil a descrição.
Espero ter
dado mais um contributo para exercitar as vossas “velhas memórias” e já agora
um BATALHÃO de abraços de Amizade e até um dia destes.
RAMOS 3ª
Companhia.
Mano Ramos, é com muito prazer que partilho esta nossa amizade, pura e sincera, e mais uma vez tu lembras-te dessa data, que vai ficar na nossa memória até sermos vivos, para ti em especial e para todos os companheiros desta guerra e do nosso Batalhão um abraço, e até ao nosso novo encontro, mais uma vez obrigado Mano.
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