terça-feira, 15 de maio de 2012

MAIO 1973

Mês de Maio, mês de emancipação, do sacrifício, da dor e muito sofrimento. Dedico estas linhas a todos os companheiros que sofreram fisicamente e psicologicamente as agruras da “Verdadeira Guerra”.
Curiosamente ou não, começaram as grandes movimentações militares e depois de todas as unidades receberem o treino operacional e adaptação em cada uma das suas zonas de acção que decorreu entre 30 de Abril e 13 MAIO de 1973, começaram as saídas já por “conta própria” e sempre com a ajuda e experiência das companhias de “VELHINHOS” que nos foram passando as zonas que controlávamos e sobre as quais iria no futuro fazer parte do nosso trabalho diário. Quis o destino que a nossa “EMANCIPAÇÃO” começasse a 13 de MAIO e que poucos dias passados entrássemos na maior “OPERAÇÃO” que decorreu no período da nossa “COMISSÃO”.Entretanto foram decorrendo outras coisas.
Tinha chegado (neste mês) ao nosso convívio o novo Comandante Capitão Joaquim Guerreiro Dias da 3ª Companhia, pois tínhamos ficado “órfãos” desde a chegada a Bissau do Comandante anterior, completaram também os efectivos da C.C.S. o 1º Sargento Alberto Viegas ainda na 1ª Companhia o Furriel João Carola entre outros que iam completando os efectivos das Companhias.
Depois dos “ACERTOS” dos respectivos planteis, muitas coisas iriam acontecer e que destaco algumas que com certeza vos trará às vossas desgastadas memórias momentos de “MEDO” “REVOLTA” e até de algum “ODIO”pelos momentos vividos:
Dia 3  - A Companhia de Cavalaria 8351 foi FLAGELADA no seu aquartelamento no CUMBIJÃ com granadas de RPG e granadas de Morteiro 82  que vinham da direcção do Rio BUNDO GABA.
No dia 4 Forças da 2ª Companhia detectaram em PONTE DO CORUBAL E SINCHÃ BOEBE vestígios da passagem de um Grupo inimigo estimado em 35 elementos.
O cerco começava a apertar e:
Dia 9 de Maio Aldeia Formosa é atacada com 6 Foguetões durante 20 minutos com possível base de fogo do inimigo em VENDU CONDIJO ou BUNGOFÉ, causando 5 feridos ligeiros na população.
No dia 14, tocou á 1ª Companhia na operação “OMOPLATA” ter um contacto com o IN. Na localidade de PONTA NOVA a quem causou 1 morto e alguns prováveis feridos.
As coisas começavam a “AQUECER” iria chegar o DIA 17 DE MAIO quando se iniciou a operação “BALANÇO FINAL” que se destinava à ocupação de NHACOBA.
Participaram nesta operação as companhias 8351 (CUMBIJÃ) a 3ª Companhia a C.CAÇ. 18 e a companhia dos “VELHINHOS” de Aldeia Formosa.
De salientar que todas as forças militares da zona estiveram envolvidas nesta operação, umas directamente outras indirectamente através do Apoio que foi necessário prestar.
 Do conteúdo e das consequências todos estaremos recordados, escuso-me naturalmente a escrever sobre as emoções vividas e sentidas e transcrever o que se passou por me sentir incapaz de escrever sem falhas o que aconteceu.
Por ser verdade e isso ninguém pode levar a mal, aproveito a oportunidade de transmitir o quanto eu sofri por vocês Companheiros e Amigos e o prazer enorme que tenho em continuar a DESFRUTAR a vossa amizade que embora disfarçada eu sei que é recíproca.
Ao Silva, ao Filipe ao Alves em particular e a um companheiro que não me recordo o nome e que espero também possa continuar a desfrutar da vida, permitam-me dizer-vos que sempre tive muita consideração por vocês, mas agora chegada a hora do amadurecimento e da revisão dos acontecimentos continuo a querer partilhar com todos a minha SINCERA AMIZADE.
Foi também em MAIO de 1973 que foi assassinado o nosso colega da 3ª Companhia: João Jesus Bernardino Correia.
Aos companheiros da C.C.S. da 1ª e 2ª Companhias, as minhas sinceras desculpas por falhas na transcrição dos vossos acontecimentos, mas os da 3ª Companhia estão em alto-relevo na minha memória o que torna mais fácil a descrição.
Espero ter dado mais um contributo para exercitar as vossas “velhas memórias” e já agora um BATALHÃO de abraços de Amizade e até um dia destes.

RAMOS 3ª Companhia.  

1 comentário:

  1. Mano Ramos, é com muito prazer que partilho esta nossa amizade, pura e sincera, e mais uma vez tu lembras-te dessa data, que vai ficar na nossa memória até sermos vivos, para ti em especial e para todos os companheiros desta guerra e do nosso Batalhão um abraço, e até ao nosso novo encontro, mais uma vez obrigado Mano.

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