quarta-feira, 20 de maio de 2015

NOTICIAS DE MACAU

O dia mais longo das nossas vidas?

António Marques da Silva 

1. Escrever para o público, seja maior ou menor a dimensão do universo dos destinatários, é expormo-nos, deixarmos cair no domínio público algumas das máscaras que esta sociedade do faz de conta nos obriga a usar no dia a dia. É também criar inimizades, quando se prefere a verdade à hipocrisia. Eu estou cada vez mais disposto a trilhar este caminho. Às vezes gosto da solidão, mas não quero ser um homem só.
Ontem, num jantar de amigos, em minha casa, acabei por mostrar alguns escritos rimados do meu tempo de juventude (e alguns mais recentes) a um amigo, prescrutando a sua opinião sobre a minha intenção de os publicar em breve. A resposta dele foi, mais ou menos, esta: «Sim, publica, mas muita gente não te vai reconhecer nesta tua faceta. Mesmo para mim foi uma surpresa!». Eu sei, eu mudei muito: é a vida, os desencantos e as desilusões. Mas luto, agora, no meu dia a dia para dar lugar, de novo, à esperança. Eu queria morrer num mundo melhor. Eu não queria ter de repetir o testamento político de Mário Sacramento: «Portem-se bem, não me obriguem a voltar cá abaixo!». E claro está, este recado vai para o povo do meu país cada vez mais longínquo de mim. Mas, desgraçado pássaro que nasce em mau ninho que sou, eu gosto muito do meu país e sofro quando o vejo definhar às mãos de parasitas e abutres, perante a «mansidão» de um povo que já foi valente.
2. Fez no Domingo 42 anos sobre o talvez dia mais longo das nossas vidas, o dia 17 de Maio de 1973 (tinhamos chegado à Guiné há menos de dois meses). Foi em Nhacoba, lá para os lados de Guilege. Já não me lembro muito bem dos pormenores, que a vida nos ensina a sublimar os momentos menos bons e, em contrapartida, a manter vivos na memória os momentos bons como são o convívio, a camaradagem e a solidariedade. A custo, todavia, alguns pormenores vão surgindo na memória, assim como que uma neblina no tempo.
E tudo isto aconteceu porque o Ramos, um dos meus furriéis de então, dinamizador do blogue do nosso Batalhão, aí postou o escrito, o qual me permito transcrever aqui, pela serenidade e sabedoria que o mesmo contém: «A caminho de NHACOBA: Apesar de todas as incidências negativas, aprendemos a sofrer ainda mais, choramos pelos amigos e passamos a encarar "a guerra" com mais realismo, ultrapassávamos o medo com mais facilidade, tudo o que aparecesse para a frente provavelmente nada seria pior que esse dia.
Quero com estas linhas, homenagear todos os que lá estiveram, lembrar os que já nos deixaram e prestar a minha homenagem aos companheiros que sofreram "fisicamente e psicologicamente" as consequências dos "Combates" desse dia».
Eu sei que todos aqueles que não viveram momentos destes vão considerar lamechas tudo isto. Felizes os mais jovens que os não viveram, graças ao 25 de Abril. Mas, apesar de tudo, acreditem: eu vim de lá mais homem, ganhei capacidade de chorar.
Dia 6 de Junho lá estarei convosco, camaradas, para aquele abraço com 41 anos de atraso.

ANIVERSÁRIO


terça-feira, 19 de maio de 2015

MENSAGEM

Da Sandra Simões (filha do saudoso Basílio Simões)
Boa noite Sr. Ramos, 
Quero agradecer a vocês todos pelas homenagens que fizeram em honra do Meu pai. Nunca irei esquecer a vossa presença no funeral e as vossas flores que me tocaram no peito. Conforme era a vontade do meu pai estarei presente no próximo reencontro para poder vos agradecer pessoalmente. Mas já agora queria dizer-lhe para não desistir da missão, porque todos os textos escritos são fantásticos e emocionantes. Agora que o meu pai foi embora para outro destino o blog do batalhão 4513 é a minha leitura de todos os dias! Tentei fazer comentários nos diferentes artigos que falam dele mas não consegui.
Aproveito também para agradecer o comandante António Marques da Silva que elogiou o meu pai e que fez uma discrição fiel à personalidade dele! Fiquei muito emocionada pelo gesto e terei a oportunidade de o abraçar no lugar do meu estimado pai.
Agradeço mais uma vez o seu empenho por me ter partilhado esta mensagem.
É com muito orgulho que estarei presente ao convívio de junho!
Era uma promessa minha que vou cumprir de cabeça erguida!
Com certeza vão haver muitas lágrimas mas não deixo de ser a filha do meu pai e estarei pronta para as gargalhadas que vão haver.
Os meus melhores cumprimentos Sr. Ramos.
 
Até junho!

domingo, 17 de maio de 2015

AMIZADE


António Marques da Silva  

     Ex. Alferes Miliciano da 3ª Companhia
do Batalhão 4513
Aldeia Formosa - Nhala - Buba 
Publicado no Jornal Tribuna de Macau.
 
 
 
Artigo da Autoria do Companheiro Marques da Silva , desde Macau onde vive.
 
No regresso não vinham todos!
 
Vasco Lourenço, capitão de Abril e hoje presidente da Associação 25 de Abril, escreveu um livro com o título “No regresso vinham todos”, no qual descreve uma comissão militar na Guiné e dá conta de emoções, de sentimentos, de medos, mas também de alegrias, de solidariedade e de camaradagem. Desse livro que possuo e que me aguarda nas prateleiras do meu refúgio lá na terra onde nasci (a qual antes do meu embarque já tinha –apesar de ser uma pequena aldeia- feito o funeral a dois dos seus filhos regressados da Guiné, antes do tempo, e em “caixas de pinho”) recordo, apesar dos 40 anos passados, que ele é um testemunho de que a maioria dos militares, porque não acreditavam na justeza e na sua razão de ser da guerra, viviam com a ideia fixa do regresso, sem que isto signifique cobardia. Em, 16 de Março de 2011, no blogue do Batalhão de Caçadores 4513, realçam-se os 38 anos da partida a bordo do Uíge. Recordo-me, como se fosse hoje, do acenar lancinante e premonitório de lenços brancos, por parte de familiares e amigos. E, no nosso caso, como escreve um camarada no referido blogue: “infelizmente nem todos vieram, e outros trouxeram marcas para o resto da vida". Aliás, apenas dois meses depois da nossa chegada a Bissau, em 21 de Março de 1973, já éramos menos. Por isso em Aldeia Formosa, no dia 21 de Maio desse mesmo ano, escrevi o texto a que dei o título de “Melodia interrompida”, o qual transcrevo aqui não pelo seu valor literário, mas apenas como testemunho:
Soldado!
Uma folha verde caída
Na primavera da vida
Uma melodia interrompida
Um pássaro sem asas
Um rio de águas paradas.
Um manequim de mãos enluvadas
Em guardas de honra.
Um fruto temporão
Carne p´ra canhão.
Calor que queima, sem chama
Um ser e não ser
Um dever, sem querer
Meio  termo entre a vida e a morte.
Entretanto, após o regresso, outros foram partindo, sem que me tenha sido possível dar-lhes um derradeiro abraço. E tenho pena!
O último a partir, em terras de França, foi o Basílio. E não foi um qualquer. Partiu um dos nossos melhores, o “meu homem da Bazuca”, um poço de força, de alegria, de coragem e de abnegação, que simboliza bem, para mim, os tempos dessa nossa juventude e a grandeza humana que, em muitos, testemunhei. Infelizmente não tive tempo de recontar com ele quantos os cabritos capturados na tabanca ou as cervejas bebidas noite adentro. As contingências da vida de emigração assim o ditaram.Por isso, este ano em Junho, se a sorte o permitir, estarei no VII Convívio do Batalhão (o primeiro a que irei estar presente), antes que seja tarde para abraçar velhos camaradas.Não, não é saudosismo do tipo “antigos combatentes”, apenas saudade da juventude, e necessidade de reviver.
 
Obrigado Marques da Silva em nome de todos e até breve
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BALANÇO FINAL



 
 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

TRANSPORTE

A exemplo de anos anteriores, o Rodrigues (1ª Companhia) vai dispor de um autocarro que fará a ligação entre Guimarães e um eixo a definir pelo próprio até chegar ao destino: NOGUEIRA DA REGEDOURA
Quem tiver necessidade de transporte e que se enquadre nestas zonas geográficas, deve contactar o Rodrigues para combinarem hora e local
 
 
 

R.I.P