QUANDO A CHAIMITE CAÍU NA PEDREIRA
13 DE JUNHO 1973
EM ESPECIAL PARA O AMIGO ANTÓNIO
CALADO
Acordei
manhã muito cedo ao som (RADIO) com algumas músicas tradicionais das marchas de
STº. António, Tinha missão para esse dia com o meu GRUPO DE COMBATE, íamos
fazer segurança à Engenharia que continuava a abrir a estrada para NHACUBÃ e
como sempre o AMIGO MARCELINO, veio bater-me á porta do quarto para confirmar
se já estava acordado o que depois da confirmação dirigimo-nos para a BERLIET
que estava estacionada já muito próximo do Gabinete do Comando e pelos vistos
só faltávamos mesmo nós.
Curiosamente
ou não, ao contrário dos meus hábitos eu ia a cantar as ditas músicas que todos
conhecemos e que fazem referência às festas da época e para espanto da maioria
dos “ouvintes” o amigo António Calado virou-se para mim e disse-me “VENS A
CANTAR AINDA VAI HAVER MERDA” e eu naturalmente virei-me para ele e disse-lhe
“então não sabes que hoje é dia de Santo António?” e lá seguimos em direcção ao
“OBJECTIVO”. Manhã de muito nevoeiro a fazer lembrar as manhãs da “METRÓPOLE”
da época, passamos por MAMPATA e depois de fazermos as respectivas operações de
rotina antes de entrarmos em zona de maior perigo lá seguimos na estrada que
nos levaria á frente dos trabalhos de Engenharia.
Seguiam
duas CHAIMITES á nossa frente e numa seguia uma equipa de picagem para em cada
pontão que tínhamos que passar fazer a respectiva detecção de minas e facilitar
a passagem da restante “coluna”. Não se via quase nada devido ao nevoeiro mas
lá seguimos estrada fora na expectativa que tudo decorre-se pelo melhor, mas
eis que chegados á zona de XITOLE fomos alvo de uma “EMBOSCADA” montada por um
grupo I.N. que durante 10 minutos nos atacou com armas automáticas e granadas
de morteiro 60 e ainda com RPG mas sem consequências graves para as nossas
“TROPAS”. Acabaram por fugir depois da nossa reacção em direcção ao Rio HABI e
ainda hoje me interrogo se eles nos estariam a ver (dada a densidade do
nevoeiro) ou se reagiram ao som dos motores das viaturas que nos Transportavam.
O
dia depois decorreu normalmente até ao fim da “MISSÃO” mas MAIS UM SUSTO que o
nosso amigo Calado “adivinhou” ao som das minhas cantorias e mais um entre
muitos que tinham acontecido desde o Inicio de Maio.
Jaime
Ramos
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