segunda-feira, 13 de junho de 2016

DIA DE ST. ANTÓNIO

QUANDO A CHAIMITE CAÍU NA PEDREIRA
13 DE JUNHO 1973
EM ESPECIAL PARA O AMIGO ANTÓNIO CALADO
Acordei manhã muito cedo ao som (RADIO) com algumas músicas tradicionais das marchas de STº. António, Tinha missão para esse dia com o meu GRUPO DE COMBATE, íamos fazer segurança à Engenharia que continuava a abrir a estrada para NHACUBÃ e como sempre o AMIGO MARCELINO, veio bater-me á porta do quarto para confirmar se já estava acordado o que depois da confirmação dirigimo-nos para a BERLIET que estava estacionada já muito próximo do Gabinete do Comando e pelos vistos só faltávamos mesmo nós.
Curiosamente ou não, ao contrário dos meus hábitos eu ia a cantar as ditas músicas que todos conhecemos e que fazem referência às festas da época e para espanto da maioria dos “ouvintes” o amigo António Calado virou-se para mim e disse-me “VENS A CANTAR AINDA VAI HAVER MERDA” e eu naturalmente virei-me para ele e disse-lhe “então não sabes que hoje é dia de Santo António?” e lá seguimos em direcção ao “OBJECTIVO”. Manhã de muito nevoeiro a fazer lembrar as manhãs da “METRÓPOLE” da época, passamos por MAMPATA e depois de fazermos as respectivas operações de rotina antes de entrarmos em zona de maior perigo lá seguimos na estrada que nos levaria á frente dos trabalhos de Engenharia.
Seguiam duas CHAIMITES á nossa frente e numa seguia uma equipa de picagem para em cada pontão que tínhamos que passar fazer a respectiva detecção de minas e facilitar a passagem da restante “coluna”. Não se via quase nada devido ao nevoeiro mas lá seguimos estrada fora na expectativa que tudo decorre-se pelo melhor, mas eis que chegados á zona de XITOLE fomos alvo de uma “EMBOSCADA” montada por um grupo I.N. que durante 10 minutos nos atacou com armas automáticas e granadas de morteiro 60 e ainda com RPG mas sem consequências graves para as nossas “TROPAS”. Acabaram por fugir depois da nossa reacção em direcção ao Rio HABI e ainda hoje me interrogo se eles nos estariam a ver (dada a densidade do nevoeiro) ou se reagiram ao som dos motores das viaturas que nos Transportavam.
O dia depois decorreu normalmente até ao fim da “MISSÃO” mas MAIS UM SUSTO que o nosso amigo Calado “adivinhou” ao som das minhas cantorias e mais um entre muitos que tinham acontecido desde o Inicio de Maio.


Jaime Ramos


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