sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

SOLIDARIEDADE


Hoje a memória fez-me recuar 45 anos
Ao repisar as minhas recordações , hoje entre outras tantas vezes lembrei-me de alguns episódios que me transportaram a 1972.
Acabada a recruta, rumei com muitos outros companheiros até Tavira onde iríamos “tirar” a especialidade. Feitas as honras da casa fomos distribuídos pelas companhias e incorporados nos respectivos pelotões.
A mim e muitos outros calhou-nos a 3ª Companhia (Tenente Vidigal) e o 2º pelotão (Alferes Roque)
Começou aquilo que para lá nos levou, a nossa formação enquanto instruendos para mais tarde passarmos a outros os conhecimentos que iríamos adquirir. Mas não é de tácticas militares nem da nossa formação militar que me levaram a escrever esta “gravação” que trago desde essa altura na minha cabeça. Como facilmente reconhecerão a vida não era nada fácil, para mim (e muitos outros) ainda era mais complicada pois como era do Porto, não havia tempo nem dinheiro para fazer fins de semana. A  disponibilidade € era limitada a alguma carta que chegava com uma nota de 20,00 escudos embrulhada num químico do boletim do totobola que chegava de vez em quando. Quando chegava, tinha que pagar à senhora que me lavava a roupa e com o que sobrava tinha que dar para os “cigarritos” e uma vez ou outro para um copo de 3 que saboreava com um peixe seco junto com um amigo que também era do Porto que em conjunto matávamos os tempos livres (Chamava-se Santos e jogou no Boavista). Ora aqui é que começa a história; pouco dinheiro não dava para os cigarros de uma semana, portanto só tinha que poupar e recorrer a alguns amigos, é aqui que entram dois que sempre me socorreram na falta do “cigarrito”. O Machado e o Cruz, o Machado perdi-lhe o rasto, finda a “especialidade” nunca mais o encontrei o Cruz, o homem grande de coração Enorme; esse acabei por o encontrar em Tomar e seguimos juntos para a Guiné. Mas, sim ao Cruz acrescento outros actos de solidariedade. Como era de Lisboa (Almada) aproveitava todos os fins de semana para vir a casa, quando lhe calhava um serviço lá estava o Ramos a “matar” para facilitar a vida a um amigo. Recordo ainda hoje que na segunda feira seguinte pela manhã (A porta armas abria às 6 da manhã) o Amigo António João Alves da Cruz acordava-me para abrir a porta do armário onde depositava uma saca cheia de fruta. Factos que me prendem a muitos dos ex. Companheiros e que me levam a cada vez ter mais vontade de nos juntarmos para abraçar aqueles que de uma forma ou outra fizeram parte das nossas vidas.


Nota: Penso que não falho na companhia nem no pelotão, que tantas outras boas (e más) recordações nos trazem aos que por lá passaram.
Um enorme abraço para os que se possam rever em “histórias” destas

ramos





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