sábado, 15 de junho de 2019

OUTROS OLHOS

Uma visão da História com outros "olhos" de alguém que viveu o (os) momento (os) ao nosso lado:
Pelotão de Cavalaria do Esquadrão de Reconhecimento Fox.8840 - Chaimites

Emblema.jpg
Em 13Jun73: Pelas 7 da manhã, o nosso pelotão com duas Chaimites a escoltar uma coluna na estrada sofre a primeira emboscada, havendo uns feridos ligeiros na segurança do BCAÇ 4513/72 onde sofremos a emboscada, entre Mampatá e Colibuia. 
Sobre esta ocorrência, o Alf António Murta, do BCAÇ 4513/72-2.ªCompanhia, acrescenta: 
“Saímos de Aldeia Formosa muito cedo, na habitual coluna auto, e com nevoeiro bastante cerrado que se manteve por largo tempo. À passagem por Mampatá fiquei furioso porque um capitão, sem se aperceber decerto, me separou o pelotão na extensa coluna, ficando eu com metade numa Berliet e seguindo o resto com um furriel, muito à frente noutra Berliet, embora separados apenas por duas viaturas da Engenharia. Como sempre, era uma coluna interminável mas, agora, a furar o nevoeiro espesso que não permitia enxergar nada dentro da mata e mal se divisava a viatura da frente. Parecia noite. Entretanto, reparo que as viaturas da frente levavam a porta aberta. De repente param e salta tudo para o chão no instante em que desaba um fogachal de armas automáticas. Nesse instante também o meu grupo se tinha projectado por cima dos taipais da Berliet, abrigando-se nas bermas da estrada. Na berma da estrada verifiquei que a força maior do ataque era a uns 100 metros, e do lado direito, tendo apanhado a cabeça da coluna na zona da morte. (…) Tudo começou com rajadas de “costureirinha”, mas logo começaram a rebentar por cima da coluna e na mata as granadas de morteiro e RPG. Depois calaram-se as armas ligeiras e bateram em retirada, lançando granadas dispersas para cobrir a fuga. (…) Durou isto uns dez minutos no máximo, até que tudo se calou de vez. Mesmo assim, mantivemo-nos no local três quartos de hora. Era a sétimaemboscada que eles fazem naquele local, mas a última já tinha sido há bastante tempo e causou uma vítima. Hoje, porém, os únicos feridos, por ironia, seguiam dentro da Chaimite (ERec “FOX” 8840) que normalmente encabeça a coluna. Eram da 3.ª CCAÇ do grupo do Alf Mota e, parece, iam ali por estarem adoentados. O que se disse é que assim que a Chaimite levou as primeiras rajadas, o condutor fechou a tampa da torre e ficou com os pequenos vidros frontais embaciados. Perdendo a visibilidade, embateu contra uma das paredes da “pedreira” (onde se faz a extracção de saibro para a estrada), ficando ali “encalhada”. Os feridos levaram uns pontos, a coluna seguiu e a Chaimite ficou a tentar safar-se pelos seus próprios meios”. 

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