Guiné 1973/74 - Batalhão Caçadores 4513
Aldeia Formosa - Nhala - Buba - Mampatã - Colibuia - Cumbijã
As várias fases da nossa vida levou-nos a encarar as mesmas situações de forma diferente.
Aquando a nossa presença por Terras da Guiné nem sempre valorizávamos o que se passava á nossa volta ( E nem sequer estou a falar da “guerra”) falo da “luta pela sobrevivência daqueles “garotos” que sem culpa alguma eram os que mais sofriam as agruras de uma “Guerra” em que sofreram os locais e a “tropa” enviada pelo regime para Não se sabe bem para QUÊ.
“Pontapeada” a nossa juventude que por lá “queimamos” , fizemo-nos homens mais cedo, outras preocupações se apoderaram de nós ( Trabalho - casamento - Filhos) a pulso cada um de nós lá se desenvencilhou da maneira como pôde, fomos envelhecendo sempre a pensar no futuro (nosso) primeiramente e depois nos sucessores, que encarreirados lá se fizeram á VIDA. Hoje a “velhice” para uma grande maioria de nós passa essencialmente pela preocupação pelos Netos; queremos continuar a fazer o melhor que sabemos e podemos para que tenham a melhor comodidade possível.
ISTO TUDO PARA QUÊ ?
Vou voltar aos nossos tempos vividos na Guiné e aos “miudos” que connosco conviviam no aquartelamento. Embora o regime fascista de Salazar / Marcelo facultava alguma autonomia ás populações locais através de Emprego como militares e prestadores de serviços no quartel aos quais atribuia um “ordenado” e um saco de arroz (mês)para ajuda do sustento familiar.
Mais que nunca agora (pelos nossos Netos) recordo com enorme tristeza a pobreza e as necessidades básicas daqueles “putos” que á saída do refeitório e com os mais variados tipos de vasilhame recolhiam os restos da “intragável” comida servida ás refeições das nossas tropas.
Eu sei que muito provávelmente hoje faltará muitas coisa, comida talvez não se quiserem trabalhar, mas naquele tempo nem isso lhes era possível pois viviam em terrenos controlados pelas nossas tropas para sua proteção e nem aos campos de cultivo podiam chegar. Pois a minha (nossa) IDADE ás vezes (muitas vezes) dá-nos para rebobinar a cassete e transcrever a preto e branco história do nosso passado, talvez mais sensíveis porque a “meta” aproxima-se” e não devemos deixar nada por dizer ou fazer.
Como muitos de vocês se têm apercebido envolvi-me emocionalmente nesta ajuda á Paróquia de Espinho e para a MISSÃO que estão a levar a cabo em BUBA , terra que quase todos nós conhecemos bem.
SE PODEREM, AJUDEM - Aquelas crianças de então serão concerteza hoje Pais ou avós que esperemos não tenham a mesma sorte doutrora.
Com um abraço Amigo
Ramos
Ex.Furriel da 3ª Companhia.
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