quinta-feira, 7 de junho de 2012

HISTÓRIAS DA NOSSA VIDA


JUNHO DE 1973

Entra o mês de Junho /73 e para não variar INHACUBÃ volta a ser flagelada com morteiros 82 vindo da zona de SAMENAU e mais uma vez sem efeitos sobre as nossas tropas
Nesse mesmo dia (01 de Junho) um Grupo de combate da 1ª Companhia sofreu um ferido ligeiro ao montar segurança próximo do destacamento de CUMBIJÃ.
Iam decorrendo os dias com muita actividade mas sem registos muito significativos, até que chegou o dia:
13 de Junho (Dia de Santo António)
Acordei manhã muito cedo ao som (RADIO) com algumas músicas tradicionais das marchas de STº. António, Tinha missão para esse dia com o meu GRUPO DE COMBATE, íamos fazer segurança à Engenharia que continuava a abrir a estrada para NHACUBÃ e como sempre o AMIGO MARCELINO, veio bater-me á porta do quarto para confirmar se já estava acordado o que depois da confirmação dirigimo-nos para a BERLIET que estava estacionada já muito próximo do Gabinete do Comando e pelos vistos só faltávamos mesmo nós.
Curiosamente ou não, ao contrário dos meus hábitos eu ia a cantar as ditas músicas que todos conhecemos e que fazem referência às festas da época e para espanto da maioria dos “ouvintes” o amigo António Calado virou-se para mim e disse-me “VENS A CANTAR AINDA VAI HAVER MERDA” e eu naturalmente virei-me para ele e disse-lhe “então não sabes que hoje é dia de Santo António?” e lá seguimos em direcção ao “OBJECTIVO”. Manhã de muito nevoeiro a fazer lembrar as manhãs da “METRÓPOLE” da época, passamos por MAMPATA e depois de fazermos as respectivas operações de rotina antes de entrarmos em zona de maior perigo lá seguimos na estrada que nos levaria á frente dos trabalhos de Engenharia.
Seguiam duas CHAIMITES á nossa frente e numa seguia uma equipa de picagem para em cada pontão que tínhamos que passar fazer a respectiva detecção de minas e facilitar a passagem da restante “coluna”. Não se via quase nada devido ao nevoeiro mas lá seguimos estrada fora na expectativa que tudo decorre-se pelo melhor, mas eis que chegados á zona de XITOLE fomos alvo de uma “EMBOSCADA” montada por um grupo I.N. que durante 10 minutos nos atacou com armas automáticas e granadas de morteiro 60 e ainda com RPG mas sem consequências graves para as nossas “TROPAS”. Acabaram por fugir depois da nossa reacção em direcção ao Rio HABI e ainda hoje me interrogo se eles nos estariam a ver (dada a densidade do nevoeiro) ou se reagiram ao som dos motores das viaturas que nos Transportavam.
O dia depois decorreu normalmente até ao fim da “MISSÃO” mas MAIS UM SUSTO que o nosso amigo Calado “adivinhou” ao som das minhas cantorias e mais um entre muitos que tinham acontecido desde o Inicio de Maio.
EU VOU DANDO NOTICIAS, ESPERO PELAS VOSSAS.
Do Amigo Ramos
3ª C.CAÇ.
 

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