JUNHO DE 1973
Entra o mês de Junho /73
e para não variar INHACUBÃ volta a
ser flagelada com morteiros 82 vindo da zona de SAMENAU e mais uma vez sem efeitos sobre as nossas tropas
Nesse mesmo dia (01
de Junho) um Grupo de combate da 1ª Companhia sofreu um ferido ligeiro
ao montar segurança próximo do destacamento de CUMBIJÃ.
Iam decorrendo os dias com muita actividade mas sem
registos muito significativos, até que chegou o dia:
13 de Junho (Dia de Santo
António)
Acordei manhã
muito cedo ao som (RADIO) com
algumas músicas tradicionais das marchas de STº. António, Tinha missão para esse dia com o meu GRUPO DE COMBATE, íamos fazer segurança
à Engenharia que continuava a abrir a estrada para NHACUBÃ e como sempre o AMIGO
MARCELINO, veio bater-me á porta do quarto para confirmar se já estava
acordado o que depois da confirmação dirigimo-nos para a BERLIET que estava estacionada já muito próximo do Gabinete do
Comando e pelos vistos só faltávamos mesmo nós.
Curiosamente
ou não, ao contrário dos meus hábitos eu ia a cantar as ditas músicas que todos
conhecemos e que fazem referência às festas da época e para espanto da maioria
dos “ouvintes” o amigo António
Calado virou-se para mim e disse-me “VENS
A CANTAR AINDA VAI HAVER MERDA” e eu
naturalmente virei-me para ele e disse-lhe “então
não sabes que hoje é dia de Santo António?” e lá seguimos em direcção
ao “OBJECTIVO”. Manhã de muito
nevoeiro a fazer lembrar as manhãs da “METRÓPOLE”
da época, passamos por MAMPATA e
depois de fazermos as respectivas operações de rotina antes de entrarmos em
zona de maior perigo lá seguimos na estrada que nos levaria á frente dos
trabalhos de Engenharia.
Seguiam duas CHAIMITES á nossa frente e numa seguia
uma equipa de picagem para em cada pontão que tínhamos que passar fazer a
respectiva detecção de minas e facilitar a passagem da restante “coluna”. Não
se via quase nada devido ao nevoeiro mas lá seguimos estrada fora na expectativa
que tudo decorre-se pelo melhor, mas eis que chegados á zona de XITOLE fomos alvo de uma “EMBOSCADA” montada por um grupo I.N.
que durante 10 minutos nos atacou com armas automáticas e granadas de morteiro
60 e ainda com RPG mas sem consequências graves para as nossas “TROPAS”. Acabaram por fugir depois da
nossa reacção em direcção ao Rio HABI
e ainda hoje me interrogo se eles nos estariam a ver (dada a densidade do nevoeiro) ou se reagiram ao som dos motores
das viaturas que nos Transportavam.
O dia depois
decorreu normalmente até ao fim da “MISSÃO”
mas MAIS UM SUSTO que o nosso amigo
Calado “adivinhou” ao som das minhas
cantorias e mais um entre muitos que tinham acontecido desde o Inicio de Maio.
EU
VOU DANDO NOTICIAS, ESPERO PELAS VOSSAS.
Do Amigo
Ramos
3ª C.CAÇ.
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