António Marques da Silva:
ex.Alferes miliciano 3ª Companhia
15 Junho, 2017
1. Sim, já passaram 44 anos e parece que foi ontem. Este ano foi o meu
terceiro Convívio, o nono do Batalhão de Caçadores nº 4513, desta vez em
Aveiro.
Muita gente, militares e familiares, o maior de sempre. E não vai
morrer, que não somos malta de se render. O próximo já tem organizadores
voluntários e será na cidade-berço, em Guimarães.
Foi bom, muito bom mesmo, abraçar de novo os antigos camaradas. E dizem
que os homens não choram, mas as lágrimas caíram furtivas ao Jaime Ramos e ao
Adalberto Silva quando passaram o testemunho, eles que têm sido a alma do blogue e
dos nossos encontros. Bem hajam eles e os próximos organizadores.
Emocionante também a
presença da Sandra a filha do Basílio, o “meu homem da Bazuca”, que não quis
faltar e disse presente em nome do saudoso Pai. Os outros que me desculpem
todos, estas referências, mas, acreditem, foram também, muito bom abraçar-vos e
o bate-papo que tivemos, com uns mais, com outros menos, consoante as circunstâncias,
que éramos muitos, a comida e a bebida também, e o tempo escasso. Fui sabendo
um pouco mais das histórias de vida de cada um. Mas, e os ausentes? Quantos já
terão morrido sem que nós o saibamos? Quantos, perdidos no Portugal profundo,
sem acesso à Internet, nem sequer sabem dos encontros? Quantos – existem
alguns, assumidamente – não comparecem porque simplesmente não querem recordar
o passado? É esta a parte da história da Guerra Colonial que ainda está por
fazer. A história dos dramas humanos, familiares e sociais, enquanto sequelas
dos traumas então vividos.
2. Faz hoje, precisamente, uma semana que cheguei a Portugal
e está-se bem aqui. O tempo está óptimo, ameno e com sol. Vive-se calma, paz e
esperança. As estradas estão cheias de camiões transportando mercadorias, nos
restaurantes temos de aguardar por mesa, a frota automóvel nota-se que foi
renovada, as pessoas nos cafés já não passam a vida a lamentar-se. Não é
necessário ser economista para pressentir que as coisas estão a melhorar. A “geringonça”
funciona e o “diabo” desceu ao inferno de onde proveio. Vamos lá a ver se isto
dura.
3. De Macau estou de licença sabática, não li, não vi, nem
ouvi, por preguiça e por descanso, notícias. Apenas sei, por mensagens
recebidas no meu telemóvel, que houve ameaças de tufão, só ameaças, para
desânimo de alguns taxistas que assim perderam um boa fonte de receitas.
Receitas ilegais, mas como se dizia na minha aldeia o dinheiro ganho
honestamente e o proveniente da vigarice depois de misturados ninguém os
distingue. Sobretudo nos casos de alguns comendadores e de outros agraciados.
Mas que fazer? Macau sã assi.
* Jurista
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