sexta-feira, 3 de abril de 2020

ESPERANÇA


Queridos camaradas e amigos, dentro da carapaça que cada um de nós tivemos de construir para sobreviver neste mundo hostil existe um homem sensível. Sim, ninguém melhor do que quem fez a guerra gosta de paz e compreende o verdadeiro significado da solidariedade! Não me considero um fraco e nunca, como todos nós, me deixei vencer pelo medo. Mas quem diz que um homem não chora mente. Quantas lágrimas caídas na minha vida, vendo um sem-abrigo ou confrontado com as notícias de que perdemos um camarada, um ente querido? Mas a vida é assim, efémera e contingente. E esta pandemia veio dar-nos um duro golpe, mas vamos sobreviver. Afinal não fomos nós que estivemos de quarentena 19 meses? Aproveitemos alegremente o tempo que nos resta.
Como sabem a vida levou-me para Macau durante 26 anos, mas, «desgraçado pássaro que nasce em mau ninho» escolhi o meu torrão de raiz para dar a alma ao criador. Aliás como  muitos de vós que tiveram de buscar na emigração uma vida melhor. E, nem imaginam, qual era a minha alegria em vos poder receber aqui na minha linda terra este ano. Paciência fica para 2021 e quero-vos cá todos, por isso fiquem em casa.
Um, grande abraço ao Jaime que generosamente continua a alimentar o nosso blogue e a comunicação via email e com o pedido de divulgação mando-lhe um pequeno poema que escrevi, no dia 25 de Junho de 1973, 5 semanas depois de Nhacobá, em Pate Embaló, aquele destacamento a 8 quilómetros (?) do Quebo, a caminho da Ponte do Saltinho. Lembram-se da cobra que matámos a tiro lá num buraco? Já não me recordo quem a matou. Alguém se lembra?

Esperança
Esperança,
Raio de luz nas trevas
De mim.
Antibiótico do meu não ser,
Que desfalece e renasce,
Aqui, assim.

Sem comentários:

Enviar um comentário